Existem muitos mitos acerca da psicanálise que afastam as pessoas deste método de tratamento. Quem nunca ouviu dizer que demora demora demais, que só se fala de sexo ou que para o psicanalisa a culpa é sempre da mãe ? Mas não é bem assim.
A psicoterapia psicanalítica é um tratamento que busca decifrar as raízes dos sintomas que estão inconscientes para o paciente de modo ajudá-lo a ressignificar este conteúdo. Para isso, a técnica utilizada é a livre associação defendida por Freud que consiste em deixar o paciente falar o mais livremente possível durante o processo. Claro que o psicoterapeuta/psicanalista também faz perguntas e afirmações, mas sempre pautadas na fala do paciente, pois é treinado para compreender as entrelinhas, pois é nelas que o que está inconsciente aparece e pode assim receber novas significações.
Além da fala, também é possível saber sobre o inconsciente através dos sonhos. Sabe aquele sonho que parece louco, mas que te deixa pensativa o resto do dia ? Ele diz muito sobre você, sobre o momento de vida que está vivendo, sobre seus desejos e medos inconscientes bem como uma tentativa inconsciente de elaborar traumas atuais ou bem mais antigos.
Outro aspecto importante da psicanálise é a compreensão de que tudo o que vivemos durante nossa infância molda nosso jeito de viver, de ver o mundo e de amar para o resto da vida. Por isso é muito importante o paciente contar sobre esse período para entender questões atuais, mas isso não significa que só se fala sobre o passado. A melhora se dá através das ligações que o paciente faz do que aconteceu no passado com o que acontece hoje e dos afetos suscitados nesse caminho que não encontraram significados devido a traumas e conflitos psíquicos.
A nossa relação com nossos pais também é determinante para a psicanálise, por isso este mito de que a culpa é sempre da mãe. A relação com nossa figura paterna é de suma importância, apesar de nosso primeiro vínculo amoroso (primeiro objeto de amor) seja nossa mãe. A figura paterna tem função importante no desenvolvimento infantil, pois apresenta à criança as regras do mundo, pois mostra que há o outro, além da mãe. Lembrando que a função materna e paterna pode ser exercida por outras pessoas que cuidam de uma criança. A relação com nossos pais , o modo como fomos amados por eles é o molde de como vamos nos amar e amar os outros. Além disso, nossos pais nos são referência para construção de nosso eu, somos retalhos, partes de nossos pais costuradas inconscientemente. Também são referência de como nos relacionar afetivamente quando adultos. Portanto é necessário analisar profundamente as relações que estabelecemos com nossos pais e familiares que deixam marcas. Numa análise separamos o joio do trigo, o que é nosso desejo, que é desejo ode nossos pais, o que dessa relação foi traumático e o que não. Mas para além de apontar os erros da mãe/pai, o processo de psicoterapia psicanalítica envolve se responsabilizar por si mesmo e pelo o que pode ser feito a partir do que foi vivido e do que se deseja para ter uma vida mais satisfatória.
